O Rock in Rio deu mais um passo importante no novo projeto que abraçou em prol de um mundo melhor: o Favela 3D (Digital, Digna e Desenvolvida). A iniciativa criada e idealizada pela ONG Gerando Falcões nasceu para transformar as realidades de comunidades de todo o Brasil e, após o sucesso na Favela do Haiti – projeto realizado pelo The Town, que recentemente atingiu pleno emprego e realizou sonhos –, chegou ao Rock in Rio atuando em uma área de valor histórico muito grande para o Rio de Janeiro. É nas regiões do Buraco, Sessenta e Ladeira do Faria, situadas no centenário Morro da Providência, a favela mais antiga do Brasil, no bairro da Gamboa, que o Favela 3D, em conjunto com o Instituto Entre o Céu e a Favela da Rede Gerando Falcões, está operando com o propósito de fortalecer o desenvolvimento social e gerar renda para as 250 famílias desses locais. O projeto, que também conta com a parceria da Gerdau e Fundação Grupo Volkswagen, já iniciou as obras em duas importantes áreas: na Praça do Buraco e na Praça Sessenta. Com a previsão de serem concluídas até o início do Rock in Rio, em setembro, as melhorias vão revitalizar e transformar esses espaços em pontos de entretenimento e lazer para reunião e encontro de moradores, com brinquedos para as crianças, paisagismo, instalações artísticas, bancos, iluminação em led, remanejo e organização do lixo com descarte consciente e coleta seletiva de lixo, pintura de fachadas, melhora dos pisos e calçadas, entre outros elementos.
“Este projeto é mais uma mostra de que a ação concertada entre iniciativa privada, poder público e o terceiro setor podem de fato transformar a realidade e construir uma vida melhor para quem vive nos ecossistemas mais fragilizados da nossa sociedade, as favelas. Desejamos que esta parceria do Rock in Rio, Gerdau e Volks com a Gerando Falcões possa incentivar a que todas as grandes empresas do país também apoiem a transformação de uma pequena favela por ano.” afirma Roberta Medina, vice-presidente executiva da Rock World, empresa que criou, organiza e produz o Rock in Rio e o The Town.
As obras fazem parte do primeiro conjunto de iniciativas que começaram a ser implementadas na comunidade. O Programa Decolagem é uma das ações que já estão em andamento e também faz parte da metodologia do Favela 3D e que vai atender 250 famílias das regiões. A partir dele, são construídas trilhas individualizadas de superação da pobreza para cada família, fomentando a autonomia das pessoas no processo de transformação. As famílias são atendidas em todas as suas complexidades. É realizado um acompanhamento familiar regular, seguindo uma metodologia também multidisciplinar e intersetorial, que viabiliza a emancipação da pobreza. Uma equipe profissional com atendimento técnico especializado é responsável por promover encaminhamentos das famílias para diferentes setores (público, Terceiro Setor e iniciativa privada) com ações em diversas áreas, como educação, renda, moradia, entre outras. Unindo gestão humana e tecnologia, por meio de levantamento de dados e acompanhamento frequente, o Programa Decolagem é o primeiro programa de graduação da pobreza urbana, focado em favelas, com monitoramento em tempo real, que traz maior assertividade na tomada de decisão, influenciando as políticas públicas de combate à pobreza e ações intersetoriais.
“Neste momento estamos lançando a segunda fase do Favela 3D no Morro da Providência. A primeira fase foi na Pedra Lisa e agora em Buraco e Sessenta. Desde o início do Favela 3D, é muito simbólico estarmos na primeira favela do Brasil, junto com o Entre o Céu e a Favela, ressignificando a história desse morro, como também reconhecendo a história e denunciando o fato de ainda termos pessoas em situações de extrema vulnerabilidade em um local tão histórico e central para o Rio de Janeiro. Esperamos continuar com essa transformação, família a família, mudando a história do morro, para uma favela que tenha dignidade”, afirma Nina Rentel, diretora de Tecnologias Sociais da Gerando Falcões.
Jéssica Cristina, 35 anos, auxiliar de produção e moradora da região do Buraco, no Morro da Providência, conta que sua expectativa com as obras e melhorias são as melhores possíveis “Já dá para ver uma grande diferença nas obras que estão acontecendo, então a tendencia é só melhorar. São pequenos reparos que fazem muita diferença no nosso dia a dia, de morador, pois temos pessoas idosas, deficientes e tem nos ajudado muito. Ter consertado um pedaço da escada, por exemplo, já foi algo que fez muita diferença. Os corrimões que estão sendo instalados também. Então, a expectativa está lá em cima para quando concluir as obras e vermos o quanto melhorou e estará fazendo bem para todos aqui da comunidade”, conta.
Outras iniciativas que visam o urbanismo sustentável, empregabilidade e capacitação, além dos programas Rede Favela, Cultura de Paz e Jovem Falcão, que contam com a participação ativa dos moradores nos comitês, rodas de conversa e presença dos jovens em atividades que estimulam o socioemocional também já estão em fase de implementação. O projeto Favela 3D no Morro da Providência terá duração de dois anos e está sendo realizado pelo Rock em Rio, com a ONG Gerando Falcões e execução do Instituto Entre o Céu e a Favela, em parceria com Gerdau e Fundação Grupo Volkswagen.
“Acredito que a melhor solução para o abandono social em que as favelas vivem é de fato iniciativas que unem todos os setores da sociedade. Chegamos até esse lugar
juntos é óbvio que para sair vamos precisar sair juntos. Quando um indivíduo vence, o coletivo não venceu. Quando o coletivo vence, todos os indivíduos vencem também. Estar dentro do território, ao lado do morador entendendo e construindo junto com ele um caminho possível, é a melhor escolha. Só o dono da casa pode falar o que é melhor para si”, explica Cintia Santana, CEO e Fundadora do Entre o Céu e a Favela.
As ações começaram a ser feitas após o diagnóstico realizado junto com próprios os moradores das regiões. Por meio de conversas com a população, o Favela 3D identificou que 29% das famílias vivem com uma renda menor que um salário-mínimo e 51% das famílias entrevistadas possuem alguma dívida. Outro ponto importante foi a sinalização de que 41% dos moradores não estão trabalhando, mas estão buscando emprego ativamente e não conseguem ser alocados no mercado de trabalho. Também foi identificado que quatro em cada 15 crianças de zero a seis anos não estão na creche ou escola e 43% dos entrevistados nunca vão a eventos culturais. Paralelo a isso, o estudo apontou que 79% das casas são chefiadas por mulheres e três a cada dez mulheres indicaram serem impedidas de buscar emprego por serem donas de casa ou por não terem com quem deixar os filhos.