Banda Rota da Seda convida o ouvinte a abraçar o bem e a positividade em seu primeiro EP
Num cenário mainstream nem sempre aberto ao frescor de novos talentos, a cena alternativa é um celeiro fecundo para quem quer encontrar artistas que fazem música sincera e com qualidade. Despretensiosamente, a Banda Rota da Seda chega com o EP “Bichos da Seda, Vol1 (Família)” com quatro faixas repletas de referências que vão do reggae ao rock, formando um arranjo poderoso acompanhada de letras filosóficas e harmonias cativantes. O lançamento sai pela Gava Music, selo parceiro da Warner Chappell
Trio formado por Guglê (Gustavo Luppe) na guitarra, Luiz Gustavo Moniz no baixo e Gian De Luca, também na guitarra e vocais, escolheu como carro-chefe do EP a faixa “Família”, uma narrativa emocional sobre a importância de ter uma rede de apoio familiar. “Podemos seguir um caminho sem medo de sentir”, grita visceral o vocal do single. A canção, assim como todas as outras do projeto, chegará com visualizer no Youtube da banda.
A Banda Rota da Seda incorpora em suas letras o viés crítico de uma juventude ciente dos desafios que um mundo desigual impõe em quem tenta apenas sobreviver dignamente e a maturidade musical de um grupo que ouve muita música e ensaia muito. Um resumo dessa poesia consciente pode ser encontrada na faixa Tempos de Paz: “Contra a praga de concreto/ O rei da Floresta leva a luz do sol/ Onde encontra uma fresta (…) Liberdade e igualdade, se for só pra alguns, amarga”, entoam os versos.
As canções de “Bichos da Seda, Vol1 (Família)” ganharam formato final na saída da fase aguda da pandemia, sendo um reflexo da criatividade nascida durante um período de isolamento e angústia. “Em 2022, fizemos a pré-produção e começamos a gravar. Nesse meio tempo, fizemos troca de membros e produtor. Pegamos o trabalho para produzir nós mesmos, gravamos sopro, metais, e deu tudo certo. O resultado está muito bom”, conta Luiz.
No reggae “Despache”, a Banda Rota da Seda invoca o ouvinte para abraçar o bem e a positividade das pessoas que gostam da gente: “Se descubra na dor/ Se cubra de amor/ Porque nada faz sentido sem se ter alguém/ Se cerque de pessoas que te querem bem”. A composição foi a primeira canção autoral do trio, composta por João Candau, antigo integrante do grupo.”Para essa gravação nós chamamos o Deko, artista e também compositor do Maneva, e foi incrível. A voz dele somou muito para o resultado final.” , explica Gian.
“A gente decidiu as músicas que iam entrar no EP entre outras dez. A ‘Despache’, a gente já sabia que queria no disco porque foi a primeira que a gente compôs, assim como ‘Tempos de Paz, Tempos de Guerra’, que é uma letra mais política e conversava com a época de eleição, mas acho que ainda faz muito sentido. Compus essa faixa quando Trump foi eleito em 2017, já observando essa guinada reacionária”, conta Guglê.
Outra inspiração da pandemia veio via Gian De Luca na canção “Vida Discreta”, onde o vocalista precisou buscar formas de se autoconhecer e ficar bem consigo mesmo naquele momento de crise mundial de saúde. “Eu estava num processo muito doido, aí soltei um improviso em cima de um beat feito pelo João Candau e até soltei um ‘por mais que dizam’, que o pessoal zuou, mas eu mantive na letra por traduzir esse momento de desnorteamento. Aí ela ganhou vocais de apoio de uma cantora nova e muito talentosa chamada Stellaria”, explica.
Embora bebam de várias fontes musicais como influência, o novo lançamento abraça o reggae com força, mas para o futuro da banda, o rótulo não é uma meta para o trio. Com divisão das ideias democraticamente divididas entre os músicos, a Banda Rota da Seda possui muito espaço para crescer e alcançar novos públicos com sua arte.