Shirley Mason, do Garbage, sugere que músicos pobres estão cada vez mais longe do sucesso global
Shirley Manson, vocalista do Garbage, concedeu uma entrevista publicada nesta segunda-feira (08) para a NME, na qual revelou detalhes sombrios do mercado da música e analisou o impacto da chegada do streaming.
A cantora revelou que estava ao lado do Metallica na luta contra o compartilhamento de arquivos de música pela internet na virada do milênio. “Basicamente, vimos uma história de terror se desenvolver. Aqueles de nós que surgiram nos anos 90 e antes tivemos a sorte de poder enfrentar isso… E ainda podemos sobreviver”, disse Shirley. “As pessoas têm que entender que quando você faz música e ela é tirada do músico de graça por uma gravadora que ganha bilhões de dólares com isso e compartilha com uma empresa de streaming que também ganha bilhões, então há alguma discrepância aqui”.
Convidada a comentar sobre o mercado atual da música, sugeriu que as novas produções estão nas mãos de quem tem dinheiro: “Agora o que você tem são músicos que são ricos de forma independente – talvez eles venham de uma família rica – e eles podem começar a construir uma carreira para si mesmos na indústria da música. Você tem a velha guarda que fez registros antes de 1995. Esses também podem sobreviver. Então, artistas que desfrutam de um sucesso fenomenal sobrevivem”.
Ela prosseguiu: “O que se perde são as novas bandas que vêm da classe trabalhadora e de qualquer classe média de músicos. Não são eles que estão fazendo música realmente acessível e que soa mainstream… Talvez eles estejam fazendo música boa que seja superpesada, que seja esotérica e diferente”.
Shirley ressalta que hoje é possível ouvir o que classificou de “tensão capitalista e econômica” na música. Mesmo tecendo críticas ao mercado de sua época, ela deixa claro que a situação piorou: “Costumávamos pensar que as gravadoras eram ruins o suficiente quando estávamos chegando [1993], mas elas eram anjos em comparação com o que está acontecendo agora. É realmente assustador e deprimente”.