Dois anos depois de estrear com seu disco homônimo, a banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo anuncia o lançamento de seu segundo álbum de estúdio: MÚSICA DO ESQUECIMENTO, lançado pelo selo RISCO, com produção de Vitor Araújo.
MÚSICA DO ESQUECIMENTO é o disco de uma banda em formação, narrando aventuras familiares, amorosas, sexuais, intelectuais e estéticas; abordando a loucura apaixonante que é ser jovem e ter uma banda; buscando incansavelmente uma sonoridade interessante para tocar canções contemporâneas em português.
É resultado de um longo processo de produção, iniciado na pandemia – com seus planos suspensos por tempo indeterminado, Sophia, Téo, Theo e Vicente decidiram dar uns passos à frente: começaram a criar arranjos novos para músicas novas, em algumas imersões criativas ao longo de 2020 e 2021. Mas só no fim de 2022 a banda pode entrar novamente em estúdio – onde esses arranjos pandêmicos foram tomando novas caras.
A contribuição do compositor e pianista pernambucano Vitor Araújo levou a caminhos surpreendentes. Um clima mais denso – arranjos de cordas, camadas texturais e uma pesquisa timbrística esmiuçada. A artista e produtore carioca Ana Frango Elétrico, trabalhando junto a Vitor na pós-produção, alçou as viagens sonoras do grupo a outro nível – garantindo, com seu ouvido atento, que toda essa maluquice soasse dinâmica e inteligível. E, por fim, a participação certeira do compositor maranhense NEGROLÉO, cantando na faixa Quem vai apagar a luz, foi decisiva.
Veio ao mundo então um disco muito diferente do anterior. Mais longo e mais denso. Quatorze faixas que se entrelaçam em um todo caótico e surpreendentemente coerente. Se, no primeiro disco, cada música era um caminho à parte, agora a banda parece ter finalmente encontrado uma sonoridade própria. Isso não significa menos diversidade estética: o que era pop ficou mais pop; o que era experimental, mais experimental; o que era lírico, mais lírico; e o que era rock and roll, mais rock and roll.
Ficou mais intensa a química simbiótica entre o baixo de TÉO SERSON e a bateria de THEO CECATO, batendo juntos como um coração. Mais intensa a experimentação da guitarra barulhenta de VICENTE TASSARA, e seus jeitos esquisitos de se encaixar nos arranjos. Mais intensas as aventuras composicionais de SOPHIA CHABLAU – entre os hits acachapantes e as mais metalinguísticas investigações poéticas – bem como suas contribuições como instrumentista, entre a guitarra, o violão, o teclado e a bateria. E, nisso tudo, acabam se misturando, entre as quatorze faixas, composições de todos os quatro, num horizonte muito distante do power trio com uma cantora/compositora que norteou o primeiro disco.
MÚSICA DO ESQUECIMENTO é mais um passo inesperado na trajetória do grupo, na insistência de escrever músicas não-óbvias, e encontrar maneiras não-óbvias de cantá-las e tocá-las. Na faixa Qualquer Canção, Sophia diz: “Eu não vou fazer qualquer canção só pra dizer o que eu sinto agora”. No paradoxo de fazer uma canção sobre não fazer qualquer canção, articula a encrenca no qual a banda se meteu: buscar, em suas tentativas investigações sonoras e poéticas, abrir caminhos, para que, algum dia, possa “alguém em algum lugar descobrir outra palavra.”
This post was last modified on 15 de setembro de 2023 12:03