Ex-guitarrista do Scorpions diz que heavy metal de hoje é caricatura do que já foi
Embora o Scorpions tenha surfado na onda do heavy metal ao longo dos anos, o guitarrista Uli Jon Roth, que tocou na banda de 1973 a 1978, define o grupo alemão como hard rock clássico, porque surgiu em um momento em que não havia mais nada a ser incorporado de significativo ao rock pesado.
Falando com Brave Words, ele explicou a essência do metal: “Não haveria heavy metal sem bandas como Cream e Led Zeppelin. Mas tudo isso é completamente diferente do que o metal é hoje em dia. Eles eram muito mais ousados, eram muito mais perigosos no verdadeiro sentido da palavra, porque todas essas coisas nunca haviam sido feitas antes… Lembro-me de como era ouvir Jimi Hendrix naquela época, a sonoridade era revolucionária”.
Para Uli, a partir dos anos 1980 e 1990 as bandas de metal tentaram criar algo novo, mas não funcionou: “Usaram mais agressividade, tocaram mais alto, mais rápido, o que quer que seja – pensando que isso o tornaria mais ‘perigoso’. Mas, para mim, não… Então, o metal realmente não trouxe tanta novidade. Senti que foi, de certa forma, um passo atrás”.
A forma de tocar agressiva e selvagem, mas ao mesmo tempo dinâmica das bandas do final dos anos 1960, segundo o guitarrista, foi perdida. “Agora, essa dimensão da dinâmica no metal não existe mais… A velocidade é muitas vezes exagerada, e tudo é hiperdistorcido e hiperagressivo, até o detalhe de última hora. Então, é quase como uma caricatura do que já foi, e é isso que soa para mim. É por isso que eu não sou fã de metal, nunca fui”.
Uli revelou que discutiu com Bruce Dikinson, vocalista do Iron Maiden, a definição de metal: “Nós tivemos essa discussão uma vez. Eu disse: ‘Você não é realmente metal, você é uma banda de hard rock’, e ele concordou completamente, sabe? Porque o Maiden ainda é old school. Eles ainda brincam com essas dinâmicas. Sim, eles tocam com distorção, mas eles ainda têm esse tipo de toque orgânico da velha escola, essa sensação orgânica, que você pode tocar com as mãos quase. O metal sempre tem uma borda abrasiva que eu não gosto. Então, é por isso que eu não sou um grande fã de metal. Nunca fui, nunca serei. Existem boas bandas de metal? Claro que há. Existem algumas grandes peças? Sim, claro que há, não nego nada disso. Simplesmente, a maior parte não me toca”.