Dia Mundial Sem Tabaco: especialistas alertam sobre riscos do cigarro eletrônico
O uso do cigarro eletrônico, também conhecido como vape, tem se tornado cada vez mais comum no Brasil. Mesmo com a comercialização e a importação proibidas no país, a moda ganhou força principalmente entre adolescentes e jovens. De acordo com dados do relatório Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), divulgado recentemente pela Umane, associação civil sem fins lucrativos dedicada a apoiar iniciativas de prevenção de doenças e promoção à saúde, 1 a cada 5 jovens entre 18 e 24 anos faz uso de dispositivos eletrônicos de fumo no país, o que equivale a 19,7% da população. E ao contrário do que muitos acreditam, esse tipo de cigarro é bastante prejudicial à saúde.
“As pessoas costumam pensar que o cigarro eletrônico oferece menos riscos, porque o uso não está associado diretamente ao câncer de pulmão. Mas, na verdade, existem outras substâncias nesse tipo de dispositivo que causam danos pulmonares”, explica o coordenador do Comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dr. William William. “O cigarro eletrônico pode sim agredir o pulmão”, enfatiza o especialista.
Dentre as principais substâncias liberadas pelo cigarro eletrônico estão as nano partículas de metais pesados, solventes e outros químicos que variam de acordo com o que é colocado para fumo no dispositivo. Além de doenças inflamatórias e até fibrose pulmonar, o uso desse tipo de cigarro está fortemente ligado ao surgimento de doenças cardiovasculares e distúrbios neurológicos.
Alguns usuários de cigarro eletrônico acreditam que o dispositivo ajuda no processo de parar de fumar, uma vez que não contém nicotina, mas o que ocorre em muitos casos é a substituição de uma dependência por outra. “O uso de cigarros eletrônicos também pode causar dependência, pois está associado à queima de diversas substâncias químicas e é ainda pior, já que não há regulamentação em torno de sua produção. As pessoas não sabem exatamente o que estão consumindo”, explica a Dra. Aknar Calabrich, também integrante do Comitê de Tumores Torácicos da SBOC.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em adição aos já citados problemas de saúde, o cigarro eletrônico ainda funciona como porta de entrada para o tabagismo tradicional (que tem ligação direta com o surgimento de câncer de pulmão), aumentando em mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro comum.
Atualmente, o tabagismo é considerado uma das principais causas de mortes evitáveis do mundo e este 31 de maio é o “Dia Mundial sem Tabaco”, que foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre os sérios riscos relacionados ao tabagismo. Mais de três décadas depois dessa iniciativa, o cenário ainda é alarmante. Dados do IPC Maps, especializado em potencial de consumo, apontam que até o final deste ano, os brasileiros gastarão cerca de R$ 23 bilhões com produtos derivados ou relacionados ao tabaco.
Segundo Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps, embora esse valor esteja 6,7% abaixo da margem de gastos com fumo em relação a 2019, o setor vem recuperando as perdas obtidas no início da pandemia. De 2020 a 2022, por exemplo, esse crescimento chegará a 26,5%. “Passado o primeiro ano de pandemia, com a maioria das pessoas ainda em casa e isolada, muito recorreram ao fumo para desestressar. Infelizmente, isso é um sintoma de que o vício e o prazer superam qualquer adversidade”, considera Pazzini.
Neste cálculo do IPC Maps, são levadas em conta as despesas com cigarros, charutos, fumo para cachimbo, fumo para cigarros e outros artigos para fumantes, como fósforos, isqueiros etc.
Confira AQUI infográfico com dicas para parar de fumar.