Roberta Dittz, da banda Canto Cego, estreia projeto solo com o single “Assunção”
Há quase 12 anos como vocalista da Canto Cego, a cantora e compositora Roberta Dittz está iniciando um projeto solo que segue por um caminho diferente do rock feito pela banda da Favela da Maré, no Rio de Janeiro. Essa necessidade de mudar e explorar outras possibilidades surgiu durante a pandemia, quando teve um tempo maior para se conectar consigo mesmo e observar novos horizontes.
Na busca de um nome artístico, encontrou ROMÃ. A simbologia da escolha reflete o que a própria fruta representa (a fertilidade e o feminino), os benefícios dela para a saúde, incluindo o auxílio na limpeza das cordas vocais, a sensibilidade e os múltiplos significados que ela possui.
“O nome juntou muitas coisas que eu queria trazer, principalmente a simplicidade. E aí tinha o Ro de Roberta, e o meu nome é Roberta Moreira Dittz, e o Mã me chama um pouco para esse Moreira, como se fosse uma contração, e esse é o sobrenome da minha família por parte de mãe. Então, me remete ao feminino, porque eu sempre assinei com o nome do meu pai, e trazer esse materno para o meu nome foi uma coisa que me deixou bem feliz, até porque Romã é também uma expansão do feminino”, observa.
Dar protagonismo às mulheres também faz parte da proposta. Isso reflete em “Assunção”, o single de estreia, produzido pela Larissa Conforto (Àiyé) e mixado e masterizado por Alejandra Luciani. A parceria delas surgiu de maneira despretensiosa após uma conversa por chamada de vídeo. A escolha da música também fluiu naturalmente, após ROMÃ apresentar 10 composições. Tocada pela mensagem, Àiyé recomendou que aquela fosse a primeira a ser trabalhada.
Uma ode a sua tia, que veio a falecer no contexto da pandemia, a canção é sobre compaixão, amor ao próximo, aos familiares e às pessoas que estão próximas. Serve também como um pedido de mudança e de integração do ser humano com a natureza, cada vez mais devastada.
“Quando quero rezar, fazer alguma oração ou me conectar espiritualmente, eu canto”, afirma. “Então, quando minha tia estava no hospital, comecei a cantarolar no violão para ela, como uma prece, uma coisa bem pessoal. Eu ficava tocando isso quase todos os dias. E aí, foi muito rápido a partida dela. Um tempo depois eu mudei algumas palavras para a ida dela, a despedida. A primeira parte, o verso e o refrão é antes da hospitalização, e a segunda parte é quando ela se foi”.
Guiada por levadas de guitarra, programações eletrônicas, sintetizadores e percussão, ROMÃ embarca em uma atmosfera para fazer o ouvinte refletir e, se estiver à vontade, dançar levemente seguindo a cadência. A mesma suavidade está presente nas nuances do videoclipe dirigido por Bruno Maria Torres com fotografia de Lucas Marocco Danni. O enredo se baseia na própria composição, que reforça a necessidade de ter uma relação com a natureza. “Subi uma montanha, literalmente, e me encantei até virar borboleta”, diz sobre o enredo.
Essa estreia de Roberta como ROMÃ pode servir como fio condutor para trabalhos futuros que já fazem parte dos planos dela. Porém, a artista não quer acelerar o processo fazendo promessas. Prefere dar um passo por vez e, principalmente, sentir a resposta do público.
“Eu acho que primeiro vai ser muito importante ter o feedback das pessoas para que ganhe gás e continue fazendo”, diz. Mas tenho essa vontade de encarar os desafios, porque a minha ideia é seguir a carreira com a banda e como solo, de uma forma contínua. Tenho certeza de que vou produzir outros singles, e provavelmente depois de um tempo pode ser que venha um álbum”.