Governo do Talibã proíbe música em público no Afeganistão
Em sua primeira entrevista para um veículo de comunicação ocidental desde que assumiu o controle total do Afeganistão, o Talibã, através de seu porta-voz Zabihullah Mujahid, disse ao The New York Times que o novo governo proibirá a música em público no país.
“A música é proibida no Islã”, disse o líder político, visto como futuro ministro da informação e cultura afegão. “Espero que possamos persuadir as pessoas a não fazer tais coisas em vez de pressioná-las”, acrescentou.
Segundo o NYT, durante a primeira passagem do Talibã no Afeganistão somente algumas peças religiosas vocais, sem acompanhamento musical, foram permitidas.
Para tentar entender essa atitude do novo regime em relação à música, a revista Newsweek (via Digital Music News) procurou o etnomusicologista afegão Ahmad Sarmast e ouviu dele que atitude do Talibã tem pouco a ver com o Islã. “É uma pessoa totalmente sem educação e quase analfabeta que está interpretando mal a ideologia islâmica. Não há nada explicitamente escrito contra a música no Alcorão. A interpretação do Talibã é baseada em um hadith [conjunto de leis e lendas sobre Maomé] controverso”, explicou Sarmast.
Ele acrescentou: “O hadith diz que ‘no Dia do Juízo Final, aqueles que ouvem música terão chumbo derretido e derramado em seus ouvidos’. Mas o hadith não é universalmente aceito como um autêntico tratado islâmico. O Alcorão em si não contém referências diretas à proibição da música”.
O novo regime talibã pinta um quadro de regressão total no Afeganistão. O maior exemplo é em relação às mulheres, que foram avisadas a não deixarem suas casas até que “combatentes talibãs tenham sido treinados para não maltratá-las”.