Entrevista 89: The Vaccines comenta se nome da banda ajudou a promovê-los

Redação 89

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The Vaccines é uma das bandas indies britânicas mais conceituadas deste século. Na estrada há mais de 10 anos, os caras desfrutam de uma discografia de quatro álbuns de estúdio e uma legião de fãs ao redor do mundo.

No momento, eles estão preparando seu novo disco intitulado Back in Love City, que chegará em 10 de setembro, e tiraram um tempo para bater um papo com a 89 A Rádio Rock.

O vocalista Justin Young foi entrevistado por nosso produtor/apresentador Wendell Correia e falou sobre o processo de produção desse novo trabalho no período da pandemia, além de responder a questão: o nome da banda ajudou a promovê-los?

Confira a entrevista no player abaixo:

Transcrição da entrevista:
Olá, Justin!

Olá, como está?

Estou bem! E você, como está?

Estou bem, obrigado.

Gostaria de começar perguntando como você está nesses anos loucos que estamos vivendo.

Estou aguentando firme, e você?

Aguentando também…está mais próximo do fim do que do começo. Então tenho que ser otimista com a situação.

Exatamente. Eu não sou otimista por natureza, mas estou tentando me manter otimista.

Tenho visto muito as músicas da banda The Vaccines nos Stories do Instagram. O nome da banda ajudou a promovê-los?

Acho que fez o oposto, provavelmente. Eu espero que a banda fique mais tempo existindo mesmo após as vacinas de imunização da covid.

Você se lembra do dia que escolheu o nome “As Vacinas” para a banda?

Eu lembro! Eu estava lendo um pequeno dicionário em espanhol na cor laranja que ainda tenho na minha casa. Nós tínhamos um show e eu estava folheando esse dicionário com a esperança de encontrar um nome para a banda. Então foi através de um dicionário espanhol. Eu lembro até onde eu estava.

É um bom nome. E agora vocês estão lançando um novo álbum chamado Back In Love City. Como foi o processo de composição e gravação?

Compor para o álbum foi libertador e divertido. Nós escrevemos no segundo semestre de 2019 em cerca de seis meses. Então gravamos em El Paso, Texas, na fronteira com o México em dezembro de 2019 em um rancho. Foi uma experiência bem imersiva, não saímos do estúdio durante algumas semanas. Estávamos livres para experimentar, viver o álbum e se divertir bastante. Então o álbum ficou assim. É o produto do ambiente em que estávamos.

Você compartilhou um link no Google Earth sobre o álbum Back In Love City e você escolheu a cidade de São Paulo para a música “Wanderlust”. Eu sou nascido e criado em São Paulo, a Rádio Rock também, então gostaria de conversar um pouco com você sobre isso.

Eu amo São Paulo, é um dos meus lugares favoritos. Eu ainda lembro da primeira vez que fui em turnê e ficar encantado como as pessoas e os lugares são incríveis. Eu já voltei em férias…já faz um tempo que fizemos shows no Brasil e estamos com saudades.

Você tem que voltar. O que você mais gosta em São Paulo?

Eu não sei, sempre temos experiências incríveis e as pessoas são muito amigáveis. Todo mundo está a fim de se divertir e sempre nos sentimos bem-vindos. É um lugar animado, pelo menos na bolha que ficamos. Tivemos festas divertidas.

Você lembra em qual bairro ficou hospedado?

Eu estava falando sobre isso com um amigo há poucos dias…o bairro que fiquei hospedado na última vez que fui chamva Jardins, talvez?

Sim, pode ser! É perto da rádio.

Legal!

Você também menciona que viajou sozinho em 2014 para escrever para o álbum English Graffiti. O que mais te inspirou em São Paulo para compor?

Eu acho que estar realmente sozinho e ser um estranho em uma cidade estranha me deixa sem nenhum conforto. Eu saio da minha zona de conforto. Eu viajei também para Trancoso na Bahia e depois desci para São Paulo, onde fui DJ também, então conheci muita gente. Curti com esses novos amigos e eu estava muito sozinho. Então consegui focar em escrever novas músicas, mas também estava desconfortável ao mesmo tempo, o que acho que é uma boa posição para se colocar quando você está tentando criar.

Legal! E por quê “Wanderlust” é a música que representa São Paulo neste álbum?

Na verdade, não representa. Apenas escolhemos uma música para cada cidade. Mas eu adoro essa música e a cidade.

Então você escolheu as cidades depois que compôs as músicas, certo?

Isso.

Ficou bem legal o que você compartilhou nesse link no Google Earth, onde você também diz “as pessoas se tornaram tão distantes que se esqueceram de como se sentir”, o que me fez lembrar da série Black Mirror com o que está acontecendo no mundo. Você acha que isso já está acontecendo com as redes sociais de certa forma?

Sim, eu acho que a razão que Black Mirror fez tanto sucesso é pelo fato que representa o que está acontecendo na sociedade. Nós vivemos num mundo em que a tecnologia é incrivelmente divertida e libertadora e nos conecta de várias formas que antes eram imagináveis, mas que pode gerar o efeito contrário. Não apenas a tecnologia, o fato de estarmos vivendo uma pandemia global exige paciência todos os dias e, quando você acha que o mundo não pode ficar mais maluco do que já está, ele fica.

E você também cita “estamos mais conectados do que nunca” e eu estou entrevistando você por causa da internet. Eu estou em São Paulo, você em outra cidade. Você está em Londres?

Eu estou na minha casa em Londres.

Mas ainda assim estamos mais polarizados, como você citou. Eu concordo com você, essa polarização está acontecendo no mundo todo, especialmente por conta de política. O quanto você acha que a música e artes de maneira geral ajudam as pessoas a seguirem firme?

Eu acho que pode ser uma declaração incrível e poderosa se você quiser se envolver com política e causas sociais para ajudar pessoas, mas se não quiser seguir por esse lado, você pode ajudá-las a esquecer sobre tudo isso e se conectar independente das diferenças de pensamentos, o que pode ser incrível. Pode ser uma arma e uma ferramenta para esquecer um pouco tudo isso. Tem muitos níveis nos quais a música encoraja e faz você se sentir incrível mesmo quando não há mais esperança.

Concordo com você e obrigado por compartilhar suas músicas com a gente.

E falando sobre os singles que vocês lançaram, o que significa a letra da música “Headphones Baby”?

Eu acredito que “Headphones Baby” é sobre uma fuga. Sobre amar e se sentir incrível, no topo, bombando. Querer se sentir jovem eternamente e esse tipo de coisa. É literalmente elétrico, querendo viver em fones de ouvido e esquecendo do mundo de fora.

E o vídeo oficial da música traz a ideia de todo o álbum, certo?

Sim! Também acho que sim. É uma forma de introdução de Love City e de como esse lugar pode ser.

Também foi legal o link do Sound Cloud que vocês compartilharam da playlist com as influências para a música “Headphones Baby”. Eram essas bandas que vocês estavam ouvindo quando estavam compondo?

Sim! Nós fizemos uma playlist para nós com bandas que nos influenciaram para o álbum todo que veio a ser o Love City. Provavelmente vamos compartilhar essa playlist nas próximas semanas e as pessoas vão poder saber o que estávamos ouvindo quando estávamos criando o álbum. O objetivo era contextualizar as pessoas onde estavam as nossas cabeças, entende?

Você tem uma banda favorita? Ou é uma pergunta difícil de responder?

Eu não tenho uma banda favorita, na verdade. Eu ouço e gosto de muitas coisas de fases diferentes de várias bandas e artistas. Qual é a sua favorita?

Red Hot Chili Peppers.

Consegui ver sua almofada dos Chili Peppers aí no fundo. Legal!

Esses caras mudaram a minha vida, mas é claro que ouço outras bandas. Vocês abriram shows para os Red Hot Chili Peppers, né?

Sim, fizemos uma turnê de um ano com eles.

Foi quando eu conheci The Vaccines. É importante ter bandas de abertura.

Foi incrível.

Falando sobre a música “Back In Love City”, que também é a faixa título, por que vocês a escolheram para abrir o álbum e como título do disco?

Acho que o nome encaixou automaticamente em um dia que eu estava compondo e pensando no significado sobre o que estava escrevendo e serviu como um termo “guarda-chuva” para todos os outros temas que eu também estava escrevendo. Todas as músicas que fizemos e amamos parecia pertencer a esse mundo de Love City e aí destravou todo esse mundo. Honestamente falando, no segundo que fizemos “Back In Love City” já sabia que o álbum também teria esse nome.

Eu adorei o verso “Eu bebo para afogar minhas mágoas, mas elas sempre aprendem a nadar” por que às vezes tentamos esquecer os nossos problemas, mas eles continuam existindo, certo?

Receio que sim, meu amigo.

Outro verso que chamou a minha atenção foi “Não podemos comprar amor porque gastamos tudo com você”. O que significa?

Eu não tenho certeza. A minha compreensão sobre essa letra muda todos os dias, todas às vezes que escuto. Eu penso que talvez possa significar algo totalmente diferente. É aquela letra que eu escrevo mais rápido do que o tempo que tenho para entender o que significa. Então, sendo honesto, eu não tenho certeza o que significa. Minha interpretação sobre o que quer dizer muda todos os dias. Eu acho que deixar aberto a interpretações é a melhor coisa a se fazer.

Vocês escrevem muitas músicas animadas e chicletes, que a gente fica cantando o dia inteiro quando ouvimos. É algo intencional ou apenas acontece naturalmente?

Eu acho que recebemos constantemente influências internas e externas sobre fatos…(olha a polícia aí). Acho que às vezes é algo consciente e outras inconsciente, mas o que realmente queremos fazer são músicas que nós amamos e esperamos que outras pessoas amem também. Acho que alguma coisa acontece quando você junta artistas e bandas em uma sala para tocar e compor juntos. O som que surge é valioso.

Falando sobre as influências para este álbum, eu li você trocou de casa com um estranho em Los Angeles, certo?

É verdade. Não foi a primeira vez que eu fiz isso, mas com certeza isso ajudou a explorar os temas que falamos no álbum.

Também teve inspirações em filmes e cidades, como Blade Runner e Fear City do Cowboy Beebop, certo?

Sim, é engraçado que muita gente tem falado sobre isso. Não tão especificamente esses filmes, mas sim os lugares que eles criaram, sabe? Essas cidades fictícias. Esses foram alguns dos ângulos que nos inspiramos para criar o lugar que criamos em Love City.

Já pensaram em lançar um filme com essa ideia que criaram para o álbum?

Seria demais! Não sei se conseguiríamos fazer, talvez você possa nos ajudar.

Seria legal! Deveriam tentar falar com a Netflix.

Exatamente.

Você tem alguma faixa favorita neste álbum?

Sempre muda, na verdade. Eu adoro “Pink Water Pistols”, que é a última faixa do disco. Adoro “Paranormal Romance”, “Peoples Republic Of Desire”. Tem umas que quando eu lembro, fico bem animado.

A minha favorita já é a “Wanderlust” porque foi a música que você mencionou a cidade de São Paulo.

E quem fez a arte da capa do álbum? É muito bonita.

Eu não consigo dizer o nome do artista corretamente, então não vou me atrever. Mas é um artista incrível de Los Angeles. Acho que compartilhamos alguns dos seus trabalhos há alguns dias, mas não vou dizer o nome para não falar errado. É um artista incrível de Los Angeles, vimos suas artes no Instagram e adoramos. Ele nos ajudou e criou essa imagem para nós.

Vocês vão sair em turnê em alguns meses.

Anunciamos algumas datas no Reino Unido, mas quem sabe quando de fato vamos poder sair por aí e ver o mundo…espero que isso aconteça o quanto antes.

Por favor, volte para o Brasil novamente.

Você acha que os shows e o público estarão diferentes depois de tudo que está acontecendo?

Talvez no começo, mas não ao longo do tempo. Espero que volte a ser como era. O jeito maravilhoso que era.

Sim, saudades.

Muito obrigado, Justin!

Obrigado! Até!

Valeu!



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