“Música não é sobre conteúdo criativo ou talento. É sobre vendas”, diz Chris Robinson, do The Black Crowes
Chris Robinson e seu irmão Rich Robinson passaram seis anos sem um olhar na cara do outro. Em 2019 eles acabaram fazendo as pazes, se reuniram para cantar algumas músicas, mas deixaram claro que não estava nos planos deles lançar um novo álbum do The Black Crowes.
De lá pra cá, com uma pandemia no meio do caminho, parece que os dois mudaram de ideia e já pensam em apresentar aos fãs algum registro de estúdio. Inclusive, Chris confirmou recentemente ao radialista americano Eddie Trunk, da SiriusXM, que um novo disco do grupo está chegando. “Nós já escrevemos cerca de 20 novas músicas para o Black Crowes, o que tem sido muito legal”, disse ele.
Agora, numa nova entrevista, Chris explica ao Pittsburgh Post-Gazette que ele e seu irmão buscam encontrar a energia soul/blues/rock – que ajudou sua banda a se estabelecer como uma das principais do cenário americano dos anos 1990 – para seu retornou aos palcos na noite desta quarta-feira (20), em Nashville.
“Já faz muito tempo que não nos concentramos no rock ‘n’ roll. Acho que talvez isso seja apenas parte da atitude de ter que lidar com os últimos 18 meses ou o que seja. Frustração, ansiedade e raiva, esses são todos ótimos ingredientes para o rock, mesmo quando você está na casa dos 50 anos”, disse Chris sobre a volta aos palcos.
O combustível da pandemia, citado por Chris, deixa ainda mais interessante a celebração de Shake Your Money Maker, álbum de estreia do The Black Crowes, que alavancou a carreira da banda de forma meteórica. Chris sabe que isso foi incrível para que eles pudessem ser autênticos em seu trabalho. Mas o sucesso avassalador do primeiro disco também teve um preço. “O lado ruim é que não tivemos a oportunidade de aprender nenhuma das regras do jogo. Fomos empurrados para dentro. E, cara, qual é o nome do jogo na música? Não é sobre conteúdo criativo ou talento. É sobre vendas, vender unidades, na época”, diz Chris.
Ele acrescenta sobre as tais regras do jogo: “A depressão de perceber que é apenas sobre o que você vende e não sobre o que você tem a oferecer como artista faz você encontrar o seu próprio poder. Ou você sede, o que também pode ser legal. Há muitos grupos de sucesso e pessoas onde esse é o caminho. Nosso caminho era um pouco mais rochoso, dessa forma. Mas, nos primeiros 10 anos, não houve tempo para parar e realizar um inventário. Você está no carrossel, e não quer que isso pare”.
Mas não há arrependimentos sobre o que foi feito, sobre as brigas com o irmão Rich e o tempo em que ficaram separados. “Escrevemos canções em uma época em que o rock’n’roll significava algo muito mais importante do que agora e as pessoas se apegavam à música que estávamos fazendo, à experiência ao vivo, e esse é o maior presente de todos os tempos”.
A nova formação do Black Crowes fez dois shows em novembro de 2019 em West Hollywood, Califórnia, e em Nova York. O guitarrista Isaiah Mitchell, o baixista Tim Lefebvre, o tecladista Joel Robinow e o baterista Raj Ojha completam a nova formação do grupo. Antes da pandemia, em 6 de março de 2020, Chris e Rich Robinson apresentaram um set acústico no The Chapel, em São Francisco, na Califórnia. Relembre no player abaixo: