Nathan Williams, líder, vocalista e guitarrista da banda Wavves trocou uma ideia com a 89 para falar a respeito do novo álbum Hideaway, que saiu nesta sexta-feira (16) e já está disponível para audição em todas as plataformas digitais.
Williams conversou com nosso produtor/apresentador Wendell Correia e deu detalhes desse primeiro disco de inéditas dos caras desde 2017.
O papo ainda rendeu revelações sobre o Brasil, o amor do músico pelo futebol e muito mais. Acompanhe utilizando o player abaixo:
Transcrição da entrevista:
Você está lançando um novo álbum, estamos vivendo anos malucos…como você está? Tá bem?
Sim, estou bem na medida do possível. Com certeza são tempos malucos, mas não posso reclamar.
E como foi o processo de composição e gravação do novo álbum?
Foi bom! Foi antes da pandemia. As músicas foram escritas em 2018. Se não me engano, gravamos em dezembro de 2019. A gravação não foi afetada por conta do covid-19, apenas o lançamento e a turnê.
Você gravou tudo no estúdio com a banda?
Sim, tudo foi feito no estúdio. Era um home studio na casa do Dave Sitek (produtor) em Los Angeles.
E como foi trabalhar com o Dave Sitek (produtor)?
Foi bom! Eu o conheço há bastante tempo. Estávamos gravando com outro cara antes dele, mas não estava dando certo. Então mandei uma mensagem de texto para o Dave dizendo que não estava gostando de como as músicas estavam ficando e que pensava em demitir o produtor. Ele me falou para encontrá-lo apenas para ouvir o que já tinha feito. Ele achou que poderia fazer melhor e de uma forma rápida, então aceitamos. Todo esse processo de produção e gravação demorou duas semanas com ele, então foi muito rápido e muito bom.
Vocês começaram tudo do zero com o Dave Sitek?
Sim, literalmente do zero. Não mantivemos nada do que tínhamos feito antes. Muitas músicas eram as mesmas, mas não tem nada do que gravamos antes.
E quem tocou a bateria no álbum?
Ross Traver. Ele tem sido o nosso baterista há dois anos. Nosso baterista na turnê. Essa foi a primeira tarefa dele gravando em um álbum conosco. Ele é muito bom!
E o que ele trouxe de diferente para o som do Wavves?
Ele é um músico completo! Ele tocando bateria é incrível. No álbum ele só tocou bateria, mas nos shows ele vai ajudar muito porque ele canta muito bem. Então ele vai fazer backing vocals também. E ele é bonito! Mais do que nós, o que ajuda.
Vocês finalmente vão entrar em turnê.
Sim! É o que parece.
O que você espera do público e das pessoas? Acha que elas estarão mais loucas depois de tanto tempo sem ir a um show?
Sim, acho que elas vão ficar malucas. Eu sei que nós vamos. Estamos ansiosos para tocar de novo. Se tem algo que eu aprendi durante a pandemia é que eu valorizo muito os shows. É a parte que eu mais sinto falta.
Podemos esperar vocês no Brasil?
Estamos trabalhando para isso. Nós adoraríamos voltar. A última vez que estivemos aí foi um dos meus momentos favoritos das turnês que fiz nos últimos dez anos. Amamos a América do Sul e a Austrália. São nossos dois lugares favoritos fora dos Estados Unidos.
O que você lembra do Brasil?
Eu fiquei muito doente. Uns 40ºC de febre quando eu estava no voo de volta e não fomos aceitos na Costa Rica. Quando eu estava no Brasil, fiquei bebendo com um cara uma coisa que eu acho que você sabe o nome…algo servido com uma concha.
Eu acho que sei o que é, mas não estou lembrando agora…
Eu não lembro o nome…Não é gaspacho, lembra Kombucha. Você sabe o que é?
Não era tequila, era?
Eu não sei o que era, mas não era tequila, tinha…
Cachaça?
Cachaça! Isso.
Essa é uma bebida brasileira.
Eu fiquei zoado. No dia seguinte, eu não me senti bem. Acho que isso me ajudou a ficar doente depois. Mas os fãs foram muito legais, as pessoas muito amigáveis e simpáticas. Foi uma vibe boa.
Agora eu entendi por que você ficou zoado. Estavam te servindo com concha?
Sim.
Tem que ser feito individualmente em cada copo.
Eles estavam rindo quando me serviram, deve ser por isso. Eles sabiam o que estavam fazendo comigo.
Espero que você tenha melhores memórias quando voltar.
É uma boa memória agora que passou. Mas na hora não foi engraçado.
Você pode experimentar comidas brasileiras também. Temos comidas muito boas.
Sim, nós comemos bem! Mal posso esperar para voltar. Espero que estejam trabalhando para isso.
Falando sobre “Hideaway”: tem alguma mensagem principal que você quer passar?
Se tem uma mensagem que quero passar?
Sim.
Acho que é autoexplicativo. É sobre querer voltar a ficar sozinho. Eu sinto que todo mundo tem um lugar onde possa ficar completamente sozinho, seja um cômodo, uma casa, indo para natureza, ou onde quer que seja, para fugir um pouco da vida que levamos no dia a dia. A música fala sobre isso.
E por que escolheu “Hideaway” como título do álbum também? Quando você escolheu esse nome?
Escolhi o nome depois que gravamos. Eu não lembro exatamente por quê. Eu comecei a escrever esse curta metragem que era sobre um bar e um deserto chamado “Hideaway”. O bar tinha uma porta nos fundos que levava para uma outra dimensão que você poderia ver a arte da capa que tem a porta e as nuvens. Então “Hideaway” virou esse lugar mítico. E o nome combinou. Eu estava no deserto nesse último fim de semana em Palm Springs e achei um bar pequeno e estava mais de 43ºC. Ele chama “Pete’s Hideaway”. Mas não era tão mítico.
E falando sobre o vídeo da música “Hideaway”: é a segunda parte de uma história que começa no vídeo da música “Sinking Feeling”?
Sim. Esses vídeos supostamente começam a contar a história que estava te contando sobre “Hideaway”.
E quais são as próximas músicas que terão vídeos?
(quais são as próximas músicas?). Acho que as próximas músicas são “Thru Hell” e “Caviar”. Só não sei a ordem de lançamento.
Falando sobre “Thru Hell”, que é uma ótima música, por que a escolheu para abrir o álbum?
Eu e o Dave escolhemos a ordem das músicas juntos. Eu gosto do ritmo dela, de como ela se desenvolve. Tento não pensar muito nisso. Apenas gosto do começo dela e para onde ela vai.
Falando sobre “Caviar” tem uma música famosa no Brasil com o mesmo nome em que ele canta “Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar. É comida para rico”. O que significa “Caviar” para você nessa música?
Boa! Você já comeu caviar?
Nunca.
Está certo, é muito bom. Os ricos realmente adoram caviar, é verdade. A primeira frase da música é de uma música…eu acho que ainda não tinha comido caviar quando escrevi. Mas é de uma gravação muito antiga que eu fiz, há uns cinco ou seis anos. E a música acabou sendo sobre um relacionamento tóxico vai e volta entre duas pessoas. Não é exatamente sobre o caviar, apenas gostei do nome.
Talvez uma metáfora.
Talvez, mas eu sou muito estúpido.
Mas a música é boa!
Obrigado.
Tem duas músicas que achei que tem uma conexão e queria te perguntar sobre isso: “Marine Life” e “Planting A Garden”. Essas músicas se conectam?
São sobre duas pessoas diferentes. Mas elas têm uma conexão com a minha vida, sim. A “Planting A Garden” é sobre conhecer alguém e antes de realmente se conhecerem, já começar a planejar um futuro. Já “Marine Life” é sobre conhecer alguém há muito tempo e se sentir bem e melhor quando está com essa pessoa. Alguém que te faça se sentir melhor.
E sobre “The Blame”? É uma música feliz e meio country, chamou a minha atenção na primeira vez que ouvi. Como foi escrever e gravar essa música?
Foi o Dave que direcionou para o lado country da música. Eu estava assustado com a ideia até começarmos a tocar porque era muito diferente das outras. E aí deixei a letra fluir sobre a melodia e o tom é mais baixo do que costumo cantar. E tem uma parte no refrão que fala sobre “ir para prisão” e “dormir com o melhor Bourbon”. Me lembrou uma música do Johnny Cash, algo antigo, no estilo “Chicken Pickin’”, “batam suas botas”, esse tipo de country. Mas o Dave certamente guiou para esse tipo de som e estilo. Ele foi o principal responsável.
E a música “Help Is On The Way” também chamou minha atenção por conta das cobras. Elas estão presentes na arte que vocês fizeram para a música e na letra. O que significa as cobras nessa música?
Acho que essa é uma das músicas positivas do álbum. É sobre aceitar quem você é em vez de tentar mudar algo ou ficar mal. “Help Is On The Way” é mais sobre querer algo, não exatamente o que significam as palavras. É meio que para passar confiança a si mesmo dizendo “as coisas vão melhorar, a ajuda está a caminho”. Não é que literalmente virá alguém te ajudar.
Falta uma música no álbum que quero conversar sobre com você que é a “Honeycomb”. A linha de baixo é muito boa, gostei do que o Stevie fez.
Sim, foi o Stevie que escreveu a música.
A letra da música também?
Sim, a letra também.
É uma música boa. Tem um verso que chamou minha atenção que fala “vou fingir que está tudo bem”. Acho que tem muita gente que pensa assim, principalmente nesses últimos anos.
Sim! Eu acho que todos estão pensando assim atualmente por conta da pandemia e do cenário político que estamos vivendo recentemente. Mas eu finjo que estou bem nos últimos vinte anos. E acho que é algo que acontece com muita gente. Nós fingimos que estamos bem. Às vezes é bom não fingir e assumir que estamos mal.
E o quanto a música te ajuda a seguir em frente?
Muito, é basicamente tudo, certo? É terapêutico, é minha fonte de renda e praticamente a única coisa que me faz sair de casa para ver pessoas. Eu gosto de ficar sozinho a maior parte do tempo. Na verdade, todo mundo da banda é solitário. Acho que ninguém da banda se encontra há um ano e meio. Então poder estarmos juntos, tocar e sair em turnê será especial.
Espero que sim! E você tem uma faixa favorita no álbum?
Eu gosto de “The Blame”. Acho que ela tem uma pegada diferente para nós. Provavelmente é a minha favorita.
É uma boa música. E falando sobre a arte da capa do álbum: quem fez e o que significa?
O nome dele é Rivers. Eu acompanho a arte dele há um tempo, mas a arte tem um simbolismo que vai aparecer mais nos vídeos das músicas e nesse curta que falei. Tem a cobra e o ovo, a passagem da porta, o olho, a rosa…são imagens que conversamos sobre e que aparecerão em outras artes visuais que vamos fazer no futuro.
Ficou alguma música de fora do álbum?
Nós gravamos dez músicas dessa vez e teve uma que não entrou no álbum. O Dave já está falando sobre voltarmos para o estúdio o quanto antes pudermos porque temos novas gravações. Então ele já quer gravar o segundo álbum dele com a gente, o que seria a segunda parte do que estamos fazendo.
Então vocês têm muitas músicas para trabalhar.
Sim. Eu estava apenas sentado sozinho em casa nos últimos um ano e meio. Nós gravamos o álbum, mas tudo que fiz nesse tempo foi gravar “demos” e acabei escrevendo um novo disco. Se algo bom aconteceu disso, foi ter material novo.
Isso é ótimo. É você que posta no Twitter oficial do Wavves?
Sim, sou eu. Eu só não posto no Facebook.
Então você gosta muito de NBA, né?
Sim, gosto muito de NBA.
Dennis Rodman é o avatar do Twitter. É o seu jogador preferido?
O antigo Dennis Rodman, de 1991 até época do Chicago Bulls. Era o meu favorito. Quando eu era criança, pedia para a minha mãe pintar meu cabelo de várias cores. Eu queria ser igual o Dennis Rodman. Mas era muito baixo, muito branco e nunca pintei meu cabelo.
E para quem você torce na NBA?
Eu sou o único…o Adam DeVine da série “Workaholics” é o único que eu conheço além de mim. Sou torcedor do LA Clippers. Não foi um ano horrível para nós, chegamos nas finais da conferência Oeste. Você assiste NBA?
Sim, sou torcedor dos Lakers.
Meu Deus…
Você está em Los Angeles. Por que você torce para os Clippers e não para os Lakers?
Porque eu fiz o Ensino Médio em San Diego. E nos anos 70 a franquia era em San Diego (San Diego Clippers). Então como sou de San Diego e de Los Angeles, essa é a razão. E também porque o Lakers é o time de Hollywood, não consigo…O Clippers é o time do povo e sou um cara do povo.
Acho que a maioria dos brasileiros…não todos, mas cerca da metade dos brasileiros que gostam de NBA torcem para os Lakers por conta do Magic Johnson, Kobe Bryant…
É igual aqui com os americanos que assistem a Premier League e torcem para o Manchester United. É o time que se deve torcer. Mas também não torço para eles.
Você também gosta de futebol?
Sim, joguei na escola e Olimpíadas nos Estados Unidos.
Então você joga bem!
Eu sou melhor jogando futebol do que na música, te garanto.
O que você sabe sobre o futebol no Brasil?
Os brasileiros são muito bons. Ronaldo, claro. O que mais…o Brasil vai jogar a Copa?
Sim, nunca ficamos de fora.
Vocês já se classificaram?
Ainda não, mas estamos em primeiro nas Eliminatórias da América do Sul.
Eu vi que a Argentina ganhou da Colômbia.
Sim, a final da Copa América será Brasil X Argentina.
Vão jogar contra o Messi?
Sim. Mas o Brasil sempre ganha.
Messi é o meu jogador favorito, mas não vou apostar em ninguém. Quando será esse jogo?
Domingo.
Domingo estarei em Vegas.
Não, será no sábado. Domingo é a final da Eurocopa.
Isso! Que será Itália contra quem? Inglaterra?
Eu acredito que será a Inglaterra.
Contra quem que eles vão jogar? Alemanha?
Contra a Dinamarca.
Dinamarca…ok.
Quem você acha que vai ganhar a Copa do Mundo 2022 e quem será o campeão da NBA nessa temporada?
Phoenix Suns ganha a série por 4×0.
Em quatro jogos?!
Suns em quatro jogos, fácil. E o Chris Paul jogou nos Clippers, ainda gosto muito dele, então ficarei feliz se eles ganharem. E quem vai ganhar a Copa do Mundo? Eu vou dizer Brasil.
As pessoas que não são brasileiras estão mais confiantes que nós.
Eu diria a Itália. Eu gostei desse novo time da Itália. Teve algumas mudanças defensivas em comparação aos times passados. Estão jogando mais rápido. Poderia ser Itália, mas qualquer outra grande potência, como a Alemanha também.
É sempre legal Copa do Mundo.
Eu direi quem não vai ser campeão: os Estados Unidos.
Os Estados Unidos no futebol têm mais chances com a seleção feminina.
Sim. Mas eu gosto do Christian Pulisic. E estou feliz que finalmente temos alguém que jogue em alto nível nos Estados Unidos. Antes só podíamos falar do Landon Donovon. Ele é bom, mas o Christian realmente sabe jogar. E ele ganhou a UEFA Champions League com o Chelsea, então temos um jogador bom.
Vocês estão ficando bons no futebol. Não são mais jogos fáceis.
Está um pouco melhor. Mas se você assistir MLS e comparar com a Premier League ou La Liga, vai achar horrível.
Você assiste o Campeonato Brasileiro?
Assisto quando está passando, mas La Liga e Premier League são as melhores ligas. Assisti a Bundesliga durante a pandemia, já que estava mais fácil de acompanhar. Eu assisto muitos esportes. Assisto lutas todos finais de semana. Acordo cedo para o futebol. NBA, sempre. As finais do Hockey, NHL. Assisto todos.
Quando você vier para São Paulo eu vou te levar para ver um jogo do Palmeiras.
Vamos!
É o meu time aqui no Brasil.
OK!
Muito obrigado, Nathan! Gostaria de ter mais tempo para conversarmos. Foi um prazer.
Tranquilo! Valeu.