Por Belmiro Tsukazaki
Desde que Eloy Casagrande assumiu a Bateria do Sepultura em 2011 e já participou de 3 álbuns, Mediator Between Head and Hands, Must be the Heart” 2013), Machine Messiah (2017) e o mais novo Quadra (2020), a banda tem criado uma nova cara, misturando o seu já marcante groove com a ferocidade do Thrash Metal, agora também pelo progressivo, e segundo o próprio Andreas Kisser, a entrada do Eloy possibilitou essa liberdade:
“Eu sempre gostei de progressivo, Yes, Pink Floyd, King Crimson, principalmente Yes, uma banda que me influenciou em todos os aspectos, principalmente guitarra e violão do Steve Howe, mas isso eu sempre tive, desde antes de entrar no Sepultura, foi sempre uma base junto com o Thrash Metal e o Eloy é um monstro na bateria, um músico excepcional, que trás essa possibilidade de não ter limites, de experimentar e quebrar esses limites, e foi tipo um desafio entre a gente, mas pra não pra ver quem ganha ou perde, um desafio saudável, e a gente quer tocar melhor ser melhor, e eu acho que como músicos, o Sepultura está passando em seu melhor momento”.
Conceito do álbum
Andreas diz: “a pergunta que o Quadra traz é porque você acredita nos conceitos e ideias que tem na cabeça e mais importante, por que você defende essas ideias, muitas delas você não sabe nem da onde veio, foram implantadas através da escola, livros e podem estar certos e com verdades ou uma mentira, a educação passou por vários contextos políticos, ditaduras, revoluções religiosas, a cultura muda de uma hora pra outra e de repente uma coisa que era certa vira errada e uma coisa que era errado agora é certa, mudança de valores completa, acho que devemos respeitar as diferenças, e não atacar como a gente faz normalmente”
Andreas explica que o conceito do novo trabalho é algo muito importante: “Eu comecei através dos números, numerologia, algoritmos, que é muito presente hoje em dia, o que a gente vê ouve, o que a gente acha que escolhe, o tipo de propaganda que a gente vê através do que a gente vai surfando na internet, e no final das contas a gente acaba sendo controlado por isso, e ai que foi o ponto de partida, nessa pesquisa achei um livro chamado Quadrivium que fala sobre as chamadas 4 artes liberais, que são a música, cosmologia e Matemática. E nesse livro tinha a definição de alguns números, o significado de acordo com o “Quadrivium” e número 4 é o momento de manifestação, de fundamento, onde as coisas acontecem, saem da teoria, e no meu ponto de vista é a definição do presente, do agora o Kairos, que é uma coisa tão importante pra gente, e que mantêm essa banda viva até hoje, e dai veio o “Quadra”, que significa uma área delimitada, onde você tem um conjunto de regras que o jogo acontece, e a vida é isso num geral, o Brasil é uma quadra, o Estados Unidos engloba varias quadrinhas diferentes, cada estado tem a sua lei”.
Sobre a capa
“O dinheiro é a principal regra de vida de qualquer pessoa desse planeta, e ele representa isso essa primeira regra de qualquer quadra” e o Senador na Moeda representa o estado, onde as leis são feitas … e essas linhas imaginarias que dividem as nações”, explicou Andreas.
Quadra é uma evolução do Machine Messiah, dividido em 4 pilares, Lado A com músicas mais Thrash, com riffs de guitarra velozes e bateria perfeita para abrir rodas nos shows, Lado B com instrumentos percussivos e groove agressivo, que consagrou o Sepultura bom exemplo é a “Capital Enslavement” temos uma mistura de batuques com uma parte sinfônica e música totalmente e Lado C mais instrumental e experimental em “Guardians of Earth” temos uma introdução de violão clássico, forte influência de Andreas, e com presença de corais também, em “The Pentagram” uma música inteiramente instrumental, onde nos baixos Paulo acompanha muito bem Eloy e Andreas Lado D com vocais de Derrick Green mais melódicos, por vezes limpo, e vale destacar a música “Fear; Pain; Chaos; Suffering” onde Emily Barreto, vocalista da banda Far From Alaska” divide os vocais com Derrick Green.
O disco foi produzido novamente por Jens Bogren, que já tinha produzido o trabalho de estúdio anterior. Visto como disciplinador pela banda, Jens estava mais à vontade para trabalhar, o que resultou num álbum mais orgânico. Ele gravou os corais presentes nas músicas em uma igreja na Suécia e também produziu e gravou as partes sinfônicas que tiveram alguns arranjos feitos por Renato Zanuto.
Utilize o player abaixo e curta Quadra, novo álbum do Sepultura, na íntegra:
This post was last modified on 7 de fevereiro de 2020 12:03