Roger Waters encerrou em dezembro do ano passado a sua turnê Us + Then, que promoveu seu mais recente álbum Is This a Life We Really Want, cumprindo uma agenda de 157 datas em cerca de um ano e meio na estrada. O sucesso desse giro mundial foi destacado numa entrevista com o músico publicada nesta sexta-feira (15) pelo Brooklyn Vegan. No entanto, o posicionamento político do baixista do Pink Floyd foi bastante explorado nesse bate-papo, no qual o Brasil ganhou destaque. Ele esteve no país em outubro do ano passado para sete apresentações.
Questionado sobre os pedidos de cancelamento de seus shows que enfrentou em vários países, revelou que foi ameaçado de prisão no Brasil ao se juntar ao movimento #EleNão, contrario à eleição do então candidato à presidência Jair Bolsonaro. “Eu queria visitar Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] quando chegamos ao sul, onde ele estava na prisão e o juiz local [uma juíza] me negou essa oportunidade. Porque era um momento muito sensível, estava chegando à eleição”, disse o músico, afirmando ainda que “o colocaram na prisão [Lula] sob acusações falsas de corrupção”. A respeito de ameaças que teria recebido no Brasil, disse que sua segurança sugeriu que ele mudasse de hotel no Rio de Janeiro, mas recusou.
O conteúdo abertamente anti-Trump das apresentações de Waters causou uma espécie de rixa em sua base de fãs, no entanto, ele não se surpreende com o fato de alguém que diz gostar do Pink Floyd posicione-se contrário ao conteúdo político apresentado em sua turnê. “As pessoas dizem ´eu não vim aqui para ouvir sua política´. E eu pergunto: ´então, por que você veio?´. Você não precisa concordar com a política… as pessoas saiam dos shows na América do Norte reclamando ou exigindo seu dinheiro de volta. E isso ocorreu porque elas não tinham ideia de quem eu sou ou o que eu faço. Elas apenas pensavam que sabiam, e descobriram que não sabiam”, disse Waters.
O músico ainda citou uma página do Pink Floyd no Facebook com 30 milhões de seguidores (na verdade tem 28 milhões), a qual ele não administra, e sugeriu que seria interessante que as pessoas que estão lá se perguntassem: “Por que eu curto o Pink Floyd?”.