The xx: apresentação no Lollapalooza Brasil foi a melhor do ano

Redação 89

The xx: apresentação no Lollapalooza Brasil foi a melhor do ano imagem divulgação

Um dos shows mais celebrados e comentados pelo público que lotou a edição 2017 do Lollapalooza foi o realizado pela banda britânica The xx.

E quem compartilha dessa opinião é Oliver Sim, baixista e vocalista do grupo, que conversou com a 89 e revelou que desde o lançamento de “I See You”, terceiro disco de estúdio do The xx no início do ano, a banda não tinha feito uma apresentação tão boa.

Oliver Sim falou sobre a relação com os outros artistas que marcaram presença no festival e da experiência que teve ao curtir o show do Metallica.

Utilize o player abaixo e ouça a entrevista exclusiva da Rádio Rock:

A transcrição da entrevista está aqui:

89FM: Para você como foi o show do The xx no Lollapalooza Brasil 2017?

OLIVER: Foi um dos meus shows favoritos de todos os tempos e foi o melhor que fizemos desde que voltamos com o novo álbum I See You. A gente nunca vai esquecer isso.

89FM: E como sentiu o público nesse show?

OLIVER: Foram eles que fizeram esse show tão especial. Nós somos de Londres e o pessoal lá é conhecido por ser mais quieto e reservado, talvez a gente não é muito apaixonado. Não mostramos muito. Então ver todas pessoas cantando, dançando, com as mãos para o alto nos chocou e tocou meu coração.

89FM: E o que você achou do Lollapalooza?

OLIVER: Eu assisti o Metallica! Nunca tinha visto eles antes e eu adorei. Considerando que só tinham eles, quatro amplificadores e as telas, foi incrível. Eu não conhecia muito a música deles, apesar da banda ser uma das maiores do mundo, e eu gostei muito.

89FM: Você chegou a conhecer os caras do Metallica?

OLIVER: Não, mas uma das melhores coisas desse festival é a comunidade musical que você conhece. Essa manhã eu tomei café da manhã perto do The 1975, o que é bem legal, conhecer e se conectar com outros artistas.

89FM: Você mencionou o The 1975, poderia ter uma parceria com eles no futuro?

OLIVER: No momento só dissemos “olá”! Assim como com o The Strokes, The Weeknd…mas quem sabe?

89FM: Você visitou algum lugar em São Paulo?

OLIVER: Sim, normalmente quando tocamos em algum lugar temos que ir embora imediatamente, mas estamos aqui há quatro dias e eu tive dois de folga. Fiquei conhecendo alguns lugares, como um parque bem grande que tem aqui perto ou o Beco do Batman, que tem uns grafites. Estou explorando a cidade.

89FM: Qual é a sua coisa favorita no Brasil?

OLIVER: As pessoas e conhece-las, o calor, a comida, São Paulo, que é uma cidade muito bonita, e a cultura. Eu vim para o Brasil quando tinha 15 anos de idade e fiquei por seis semanas, porque eu pratiquei capoeira por uns sete anos, foi uma época ótima. Gosto da cultura, da música e de tudo aqui.

89FM: Como você é na capoeira?

OLIVER: Faz nove anos que eu não pratico, quem sabe? Eu descobri a cerveja e entrei em uma banda, então deixei de lado, talvez um dia eu volte.

89FM: E as comidas e bebidas brasileiras, o que achou?

OLIVER: Não bebo mais álcool, então tomei muito guaraná. Fui em um restaurante que experimentei comidas que eu nunca nem tinha ouvido falar, umas frutas e uma carne fantástica.

89FM: Como você se prepara antes de um show?

OLIVER: A gente dança, coloca uma música, faz o sangue pulsar. Também aquecemos a voz e ficamos juntos.

89FM: O que passa na sua cabeça quando você está tocando para muita gente?

OLIVER: Quando tem um público grande eu gosto de focar em uma pessoa, porque fica mais fácil de entender o que você está fazendo e para quem. Também tento não ficar tanto só na minha cabeça para aproveitar o momento.

89FM: Você conhece algum artista da música brasileira?

OLIVER: Para mim, grande parte da capoeira é música e ritmo. Aprendi vários instrumentos, como o berimbau e cantar. Além disso tem muito samba, mas eu e o

Jamie (vocalista) prometemos ir a uma loja de discos assim que acabar as entrevistas.

89FM: Você pensa em usar o berimbau em alguma das suas músicas?

OLIVER: Eu não diria que não usaria, mas não pensei nisso ainda.

89FM: Como foi o processo de gravar o álbum I See You?

OLIVER: Foi muito longo, demorou muito. Eu não mudaria nada, porque senão não estaria do jeito que está e estou feliz assim. Foi um processo diferente, tentamos fazer coisas opostas as que fizemos em Coexist. Fomos gravar no Texas, Los Angeles e Islândia ao invés de Londres. Tentamos nos aventurar mais em novas ideias, sem se preocupar tanto igual antigamente. Foi divertido.

89FM: Musicalmente falando, qual é a diferença do I See You em relação aos outros?

OLIVER: Estávamos mais dispostos a mostrar nosso amor pelo pop, algo que antes nos deixava um pouco constrangidos ou culpados. Tem mais elementos eletrônicos, e as gravações de Jamie ajudaram muito. É mais aberto, leve e com mais positividade.

89FM: Quais são suas influências?

OLIVER: Fleetwood Mac, Bjork, Radiohead…sempre serão influências e eu vou ouvir sempre.

89FM: Quando você decidiu ser músico?

OLIVER: Eu ainda estou decidindo, aconteceu do nada, sabe? Começamos o The xx com 15 anos de idade, sem planos de tocar para ninguém, não queríamos subir em um palco, éramos bem reservados, e lentamente foi ficando mais sério. Foi um acidente, não planejamos isso.

89FM: Qual é a melhor coisa e a pior de sair em turnê?

OLIVER: O melhor e o pior são a mesma coisa: viajar o mundo. Você está viajando, o que é ótimo, mas as vezes não consegue realmente visitar o lugar. Vamos a uma cidade que nunca estivemos antes e só conseguimos ver o aeroporto e uma avenida. Por isso que viagens assim são boas, são tranquilas, você consegue ficar sozinho e olhar a cidade em volta.

89FM: O que significa a música “On Hold” para você?

OLIVER: Não gosto de falar muito da letra, me preocupo que se eu explicar o significado e outra pessoa entender diferente, mataria a música para ela. Ficamos muito tempo trabalhando nela, a última coisa que entrou foi o sample do Jamie e trouxe vida para ela, é uma boa música pop.

89FM: Algumas músicas do The xx são trilhas sonoras de filmes e séries, como “Angels” e “Together” que tocam até em novelas brasileiras. O que você acha sobre isso?

OLIVER: É legal e divertido, quando estávamos tocando no Lollapalooza Brasil percebemos que as pessoas se conectaram com essas músicas de forma diferente, e eu pensei “que legal” aí me lembraram que elas fazem parte dessas novelas. É legal poder ouvir elas de formas diferentes.

89FM: Você é fã de filmes ou novelas? Tem algum favorito?

OLIVER: Gosto muito de filmes. “Encontros e Desencontros” da Sofia Coppola é o filme favorito de nós três (Jamie, Romy e Oliver). Se ela (Sofia Coppola) estiver ouvindo isso, eu adoraria trabalhar com ela.

89FM: Você se incomoda com o uso do celular nos shows?

OLIVER: Sim e não, porque eu entendo que agora é diferente. Se as pessoas têm a oportunidade de compartilhar e reviver aquele momento através do celular é ótimo, mas se elas não estão presentes no show e estão assistindo pelas telas dos celulares é aí que fica estranho. Tenha seu momento, mas seja presente e aproveite o show.

89FM: O The xx ficou dois anos sem se apresentar para o público. O que vocês fizeram nesse tempo? Sentiu falta de subir ao palco?

OLIVER: Eu não achei que sentiria falta, mas eu senti. Nesses dois anos fizemos o I See You, Jamie fez seu álbum solo e estava em turnê. Esse tempo foi maior do que planejamos. Nosso primeiro álbum foi feito quando éramos adolescentes e logo depois caímos na estrada, depois lançamos o segundo e fomos para turnê então tivemos uma chance de simplesmente ter uma vida.

89FM: O que você fez nesse tempo de pausa da banda?

OLIVER: Eu cresci. Antes eu ainda era criança, porque quando você está em turnê você aprende muito mas tem os empresários te olhando. Eu aprendi mais desses “truques da vida”.

89FM: Tem alguma história divertida nessas turnês que pode nos contar?

OLIVER: Aqui no Brasil eu e o Jamie nos perdemos por duas horas. Foi incrível, acho que esse é o melhor jeito de conhecer uma cidade, se perdendo. Mas nós acabamos em algum lugar que não tínhamos ideia.

89FM: O que você acha da cena musical atual de Londres?

OLIVER: Está ótima! Uma coisa sobre Londres é que está constantemente mudando e se desenvolvendo. Se eu estou viajando, quando volto algo já mudou. Uma coisa triste sobre a cidade é que muitas pessoas criativas não têm condições financeiras de estar lá e são elas que fazem a cidade tão especial, eclética. Sem elas seria muito tedioso. Espero que algo sobre isso seja feito.

89FM: Qual é o futuro do The xx?

OLIVER: Turnês, muitas turnês! A turnê de I See You. Não tenho certeza mas acho que voltaremos a São Paulo logo. Tocar em festivais é ótimo mas gosto muito do nosso próprio show.



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