Dave Mustaine fala com a 89 e diz que o maior show que o Megadeth já fez foi no Brasil

Redação 89

Dave Mustaine fala com a 89 e diz que o maior show  que o Megadeth já fez foi no Brasil imagem divulgação

O Megadeth confirmou show em São Paulo para o dia 7 de agosto, no Espaço das Américas. Os caras tocarão ainda em Brasília e Fortaleza nessa passagem pelo Brasil, que visa divulgar o novo trabalho do grupo, “Dystopia”, lançado recentemente e que estreou em posição de destaque nas principais paradas do mundo.

A Rádio Rock conversou com o líder da banda, Dave Mustaine, que falou sobre o novo disco, a presença do brasileiro Kiko Loureiro na banda e das lembranças que traz de suas passagens pelo Brasil.

Inclusive, Mustaine afirmou para a 89 que o maior show que o Megadeth já fez foi em solo brasileiro, durante o Rock In Rio de 1991.

A entrevista pode ser conferida no player abaixo:

Aqui a transcrição do papo da 89 com Dave Mustaine, que teve a produção de Wendell Correia:

1 – O que você lembra do Brasil?

Não vamos ter tempo suficiente para falar de tudo que eu sei do Brasil. Minha churrascaria preferida é a “Fogo de Chão”, gosto das praias do Rio de Janeiro,  do surfe de lá, a capoeira…meu Deus, tem muitas coisas que eu poderia te falar! Não sei nem por onde começar. Mas tem uma coisa que as pessoas precisam saber do Brasil, principalmente agora que o Kiko está na banda. O Brasil foi o primeiro país que o Megadeth tocou na América do Sul. Foi no Rock In Rio em 1991 e foi fantástico! Foi o maior show que já fizemos. E passou uma ótima impressão sobre os brasileiros e foi quando começou a minha paixão pelo país.

 

2 – Você lembra da primeira vez que você viu o Kiko Loureiro tocando?

Não. Lembro apenas da primeira vez que eu o vi pessoalmente. Foi no Japão quando fizemos algumas fotos. Eu tento não criar uma situação desconfortável para o outro guitarrista da banda o máximo que eu consigo e também dar as boas vindas da melhor maneira. Eu não lembro de ter encontrado o Kiko antes dessa sessão de fotos. Provavelmente já nos apresentamos nos mesmos festivais com outras bandas, mas eu não lembro. Minha memória do encontro com o Kiko vem dessas fotos e foi muito divertido.

 

4 – Qual foi a importância do Kiko Loureiro no novo álbum, o “Dystopia”?

Ele contribuiu em três músicas que ajudou a escrever. E também passamos muito tempo trabalhando nos solos de guitarras no estúdio, o que também foi ótimo.

 

5 – Além do Kiko Loureiro, você conhece algum outro músico brasileiro?

Eu não conheço outros músicos brasileiros além do Kiko Loureiro e dos caras do Sepultura. Não tenho muito conhecimento sobre as bandas de heavy metal brasileiras. Sinceramente, eu não conhecia outra banda de metal no Brasil além do Sepultura. Tenho certeza que existem milhares, mas quebrar essa barreira de sair do Brasil e ficar popular no Estados Unidos é muito difícil. É por isso que o Kiko tem uma história de sucesso incrível e eu adoro essa atenção e orgulho que os brasileiros têm por agora ter uma guitarrista que começou a estudar música no Brasil e agora faz parte de uma das maiores bandas de heavy metal do mundo. Isso mostra que você tem que correr atrás do seu sonho. Não dá para ter certeza se eles vão se tornar realidade ou não. Mas ele pode acontecer se você trabalhar de verdade para isso.

 

6 – Falando sobre o “Dystopia”, por que você escolheu esse nome para o álbum, que também é o nome de uma das faixas do disco?

Quando você está ouvindo um disco, você geralmente consegue descobrir qual vai ser a música mais forte do álbum. Não tem que ser necessariamente um nome forte por alguma razão específica. Mas pode ser um nome forte em diversos termos. As vezes a faixa título pode ser uma música simples, como por exemplo o “Living After Midnight”, do Judas Priest, que é uma música que eu amo, que pode significar algo como coisas do destino, algo mais obscuro, do “mal”, ou outra coisa do tipo. Em “Dystopia”, eu achei que essa música mostra bem o significado do álbum. É pesada, melódica, tem partes diferentes dentro dela. Na verdade, esse não era o nome do álbum. O nome dele era “Tyrannicide”, porque a música “Dystopia” também tinha esse nome. E eu fiquei pensando nisso bastante tempo, e cheguei à conclusão que muitas pessoas não sabem o que significa “Tyrannicide” (em português “tiranicídio”), que quer dizer “matar um tirano”. E foi nisso que fiquei pensando: “quantas pessoas vão saber que tiranicídio significa matar um tirano e não vão pensar que é algo relacionado a dinossauros ou algo do tipo?”. Então pensei em deixar esse nome de lado por ser uma palavra esquisita e mudei para “Dystopia” (“distopia” em português). Mas a palavra “tyrannicide” continua na letra da música “Dystopia”, só deixou de ser o título da faixa.

 

7 – Enquanto você escrevia as letras para o álbum “Dysotpia”, pensou em criar alguma história para ele? É um álbum conceitual?

Não, não é um álbum conceitual.

 

8 – A música “Post American World”, que faz parte do álbum “Dystopia”, fala um pouco sobre o futuro. Como você imagina a civilização daqui a alguns anos? Talvez daqui a mil anos ou mais?

(risos) Cara, isso é difícil de falar. Mas nunca sabemos, pode existir um mundo nesse tempo ou não. Eu não sei. Tem o lado da tecnologia estar sendo cada vez mais envolvida com o passar dos anos. Quantos anos você tem?

Repórter: “25 anos”.

Acho que você era criança nessa época que vou citar…mas se não viveu com certeza já ouviu falar da época em que eram usados modens ou equipamentos parecidos para se conectar à internet quando ela começou. Então as coisas e as tecnologias mudam rapidamente. Por exemplo os carros. Hoje você pode conectar o seu telefone no carro sem precisar ter qualquer tipo de contato entre os dois. Imagine como vai ser daqui a dez ou mil anos.

 

9 – Alguns fãs e críticos musicais aqui no Brasil estão comparando o “Dystopia” com o começo do Megadeth. Você concorda com eles?

Acho que é um bom argumento. O primeiro álbum do Megadeth, o “Killing Is My Business…and Business is Good!” era muito agressivo. Eu escrevi esse disco porque estava muito nervoso naquela época. E acho que o “Dystopia” reflete o que eu faço de melhor. Todos os álbuns que eu já escrevi na minha vida refletem uma época do que eu estava vivendo, como me sentia e como estava lidando com tudo isso. Lidar com o Alzheimer que afetou minha sogra me deixou muito mal. É uma doença terrível. Deixou tudo muito triste para mim. Acho que o “Super Collider”, que lançamos em 2013, é um álbum triste e obscuro por causa desse momento que eu estava vivendo. Depois que ela faleceu, e jogamos as cinzas dela, todos nos curamos e seguimos. E agora eu posso ser eu novamente e acho que “Dystopia” mostra no que eu sou bom, que é tocar thrash metal.

 

10 – Na sua opinião, quais são as principais diferenças entre lançar um álbum hoje em relação ao começo do Megadeth, no início dos anos 1980?

Tem muitas diferenças. Não vamos ter tempo para falar de todas elas. Mas acho que uma das grandes diferenças é a maneira como as bandas promovem o seu trabalho. Antigamente as pessoas davam mais valor a esse trabalho promocional. Agora as pessoas te dão os discos, enquanto antes se você tinha um single ou qualquer outro disco promocional você era o cara mais legal do mundo. Se um artista ia a uma loja de discos para dar autógrafos era como se fosse um feriado nacional. Agora você fica online e as pessoas podem falar com você enquanto elas comem. Eu na verdade não gosto de tudo isso, mas faz parte do que eu faço. Agora, com as mídias sociais, você tem amigos que querem saber o que você está fazendo. Se entra em contato com algum amigo, todos ficam sabendo. Eu não tenho intenção de todos saberem disso, mas eles ficam sabendo.

 

11 – Qual é a sua opinião sobre ouvir músicas online (streaming)? Você escuta músicas por streaming?

Ultimamente eu não tenho escutado muitas músicas em casa por causa do trabalho de divulgação do “Dystopia”, que tem sido um grande sucesso. Tenho dado entrevistas todos os dias há meses. Desde então, foram lançadas muitas músicas. Basicamente tenho escutado música no carro quando dirijo. Mas o meu carro é rápido, mas tento dirigir mais devagar, então deixo o som ligado em alguma rádio que toca jazz.

 

12 – E como é ser produtor da sua própria banda (Dave Mustaine produziu o álbum “Dystopia”)?

É bom! Eu já tinha produzido outras músicas, mas é a primeira vez que fiz tudo sozinho. Acho que foi bom porque me ajudou a ter confiança no que eu queria fazer e seguir com a minha carreira. Nunca tinha me dedicado tanto ao produzir outras bandas ou outros projetos. Não quero falar muito do que eu faço fora do Megadeth porque não é o momento de eu divulgar os meus projetos solos, mas eu me dei muito bem com o Chris Rakestraw, que foi o co-produtor do “Dystopia”. Ele foi o cara que eu conheci nos estúdios, e me ajudou a produzir o álbum. Algumas das coisas que conversávamos em nossos momentos de folga era sobre bandas novas e coisas desse tipo, e criando esse novo tipo de som que fizemos em “Dystopia”, podemos influenciar bandas novas.



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